MADRINHA EUNICE: O SAMBA CELEBRA SUA ETERNA LUZ

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Em uma noite de emoção e reverência, o coração do samba paulistano pulsou forte na sede da Liga das Escolas de Samba de São Paulo para celebrar o aniversário de Madrinha Eunice, fundadora da lendária Lavapés, a primeira escola de samba da cidade. No Cambuci, berço dessa história, nasceu também o orgulho de um povo que transformou a resistência em ritmo, a dor em melodia e o amor em bandeira.



A homenagem reuniu representantes da Embaixada do Samba, diversas associações sambísticas e admiradores da cultura popular que, com lágrimas e aplausos, celebraram a força e a doçura de uma mulher que desbravou caminhos em tempos em que o samba ainda lutava por espaço e respeito. O ponto alto da cerimônia veio com a emocionante fala de Rose Marcondes, neta da Madrinha Eunice, que lembrou com ternura e firmeza o legado de sua avó: “Ela abriu portas, levantou a cabeça e mostrou que o samba é força, fé e família. Madrinha Eunice é São Paulo em compasso de amor”.

O jornalista Maurício Coutinho, em discurso vibrante, destacou a urgência de restaurar a dignidade da estátua da Madrinha Eunice, na Praça da Liberdade, que infelizmente se encontra sem os devidos cuidados arquitetônicos. “Não podemos permitir que o símbolo de uma das maiores mulheres do samba brasileiro seja tratado com descaso — sua estátua não é varal para camisetas, é altar de respeito”, afirmou.

Coutinho também fez um chamado às escolas de samba para que implantem, como quesito essencial, o ensino da própria história para as novas gerações. “Há jovens que desfilam sem saber o nome dos baluartes que ergueram suas agremiações com suor, paixão e resistência. É preciso resgatar essa memória viva”, concluiu, sob aplausos intensos.



Naquela noite, o samba se fez prece e promessa: a de nunca deixar a estrela de Madrinha Eunice se apagar. Porque enquanto houver um tambor, um estandarte e um coração batendo no ritmo da Lavapés, ela continuará reinando — eterna, altiva, madrinha do nosso samba .