CIGARROS ELETRÔNICOS: OPÇÃO OU PERDIÇÃO?

Mara Porto

Eles tem vários nomes e formatos, mas causam os mesmos efeitos: viciam e trazem malefícios ao organismo, principalmente aos pulmões. Os “vapers ou pods” ou dispositivos eletrônicos surgiram em 2003, na esteira da restrição aos cigarros comuns, ocupando o lugar destes, como alternativa mais segura. A comercialização está proibida desde 2009. A RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA RDC nº 855/2024 proíbe também a importação, armazenamento, transporte e propaganda dos DEFS (dispositivos eletrônicos para fumar) além de não permitir o uso em ambientes coletivos fechados, públicos ou privados.

Infelizmente não há um consenso mundial em relação às políticas públicas de saúde quanto ao uso dos DEFS, o que dificulta a erradicação desses cigarros.

Sobre tabagismo
Inúmeros estudos realizados no Brasil e no mundo constataram os malefícios dos cigarros convencionais sobre o organismo levando a doenças fatais, dependência química e psicológica. O tabagismo mata uma em cada três crianças que começam a fumar. A meta é reduzir a prevalência de fumantes na população em geral e fundamentalmente entre adolescentes. A dependência se faz através da nicotina além do que o fumante fica exposto a mais de 3000 constituintes no fumo não queimado e mais de 4000 substâncias presentes na fumaça do tabaco. Tantos agentes nocivos infalivelmente produzem mortes prematuras por inúmeras doenças, com destaque para doenças respiratórias, cardiovasculares e cânceres. Sabemos que até o DNA é afetado pelas substâncias cancerígenas presentes no tabaco e na fumaça.

O fumante vive cerca de 10 anos menos que o não fumante, porém as moléstias tabaco relacionadas são passíveis de prevenção, basta parar de fumar. Para os que desejam cessar o tabagismo mas não conseguem por conta própria, há tratamentos com e sem medicação específica. Os usuários de cigarros eletrônicos não se consideram fumantes mas vaporizadores, porque os dispositivos são coloridos, com aromas e sabores sedutores porém seus danos são até mais graves, pois a concentração de nicotina nesses cigarros é 100 vezes superior à de um cigarro convencional.

Além das doenças já citadas há a irreversível bronquiolite obliterante ou “pulmão de pipoca” em usuários de cigarro eletrônico. Os adolescentes que fumam estes cigarros desenvolvem dependência em menor tempo de exposição e são menos propensos a parar de fumar enquanto os adultos tem alta tendência à dupla utilização, vapers e cigarros regulares, aumentando os riscos de doenças.

Portanto DEFS não são inofensivos, causam dependência e enfermidades e deveriam ter seu uso banido, pois além de tudo causam danos financeiros com hospitalizações, faltas ao trabalho e à escola e mortes precoces. Proponho uma conscientização coletiva sobre o tema tanto em campanhas públicas como divulgação em escolas, comunidades, em redes sociais e mídias diversas.

Fontes de referência:
-Ministério da Saúde
-Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA)
-Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
-Dra.Margareth Dalcolmo pneumologista pesquisadora da Fiocruz