VOCÊ NÃO ESTÁ AQUI POR ACASO por CRISTINA VIEIRA – 27.06.25

Negócios

“É com o coração aberto e imensa gratidão que escrevo estas primeiras palavras para você, leitor da Revista Paulista. Mais que um artigo de estreia, este é um convite: vamos nos encontrar de verdade, de alma para alma”.

Quero que, a cada leitura, você sinta que não está sozinho. Que algo dentro de você ressoe, desperte, transforme. Que minhas palavras toquem partes suas que talvez tenham sido esquecidas – ou apenas esperavam ser acolhidas.

Prazer, sou Cristina Vieira, tenho 43 anos, sou mãe de quatro – dois humanos e duas peludinhas –, esposa há quase três décadas (com muitas histórias sobre amor, resiliência e recomeços para compartilhar), empresária e mentora apaixonada por vidas reais e transformações verdadeiras.

Mas essa sou eu hoje. Nem sempre foi assim.

Nasci em Santa Izabel do Oeste, no Paraná – já ouviu falar? Uma cidadezinha perto de Pato Branco. Filha de mãe branca de olhos claros e pai negro, que esperava um menino. Cheguei contrariando as expectativas – e isso, percebi com o tempo, seria uma marca na minha vida: não vim pra atender expectativas. Vim pra quebrar padrões.


Minha mãe queria me chamar Cristina. Mas meu pai, abalado com minha chegada, escolheu outro nome: Emerlite. Até hoje, não sei o que significa. Se você descobrir, me conta? Sim, por 30 anos vivi com um nome que não era meu. Nem mesmo o escrivão do cartório acertou no meu casamento. Um dia, em 2008, eu mudei isso – e em breve te conto como foi atravessar esse rito simbólico, dolorido e, ao mesmo tempo, libertador: trocar um nome, mas acima de tudo, resgatar minha identidade.

Fui uma criança marcada por abusos físicos e psicológicos, por ausências que doeram mais do que a presença errada. Não havia pai nem referência masculina. Só vazio.

Mas hoje, eu escolho não carregar esse peso. Escolho não julgar, e sim acolher. Entendi que pai e mãe entregam o que conseguem, com as ferramentas que têm – mesmo que, às vezes, seja muito pouco. E isso não os torna monstros. Nem nos obriga a carregar feridas abertas pelo resto da vida.

Se eu fui aquela criança? Sim. Mas não sou mais. Hoje sou uma mulher que decidiu seguir leve, sem vítimas ou culpados na bagagem.



E você? Está vivendo por escolha… ou sendo levado pelas circunstâncias? Eu sei, olhar para dentro incomoda. Revisitar memórias dói. Mas posso te garantir, de alma limpa: é nesse desconforto que começa a verdadeira liberdade.

Te espero no próximo texto. De verdade.

E, do fundo do meu coração, desejo que você caminhe comigo nessa jornada. Não como leitor. Mas como parte viva dessa travessia.

Cristina Vieira