Como a tecnologia já está transformando o seu dia a dia
Você já refletiu sobre como a Inteligência Artificial, aquela presença marcante nos filmes de ficção científica, deixou de ser apenas um enredo de cinema para estar cada vez mais presente na nossa vida real? Pois bem, a IA já não habita só nosso imaginário num futuro distante. Hoje, ela está bastante próxima – e, em muitas situações, atua de maneira tão discreta que quase passa despercebida no nosso dia a dia. Mas, afinal, o que significa exatamente esse conceito tão falado?
De forma simples, podemos dizer que Inteligência Artificial é a capacidade das máquinas de simular habilidades humanas: aprender com experiências, resolver problemas, raciocinar e até tomar algumas decisões de forma autônoma. O termo surgiu nos anos 1950, quando John McCarthy reuniu pesquisadores determinados a desvendar os segredos de criar máquinas “inteligentes”. Desde então, muita coisa evoluiu – dos primeiros jogos de xadrez operados por robôs aos sistemas conectados que conhecemos hoje, passando pelo surgimento da internet e dos assistentes virtuais que compreendem e respondem à nossa voz.

Aliás, é bem possível que, neste exato momento, alguma forma de Inteligência Artificial esteja atuando próxima de você. Pense no seu celular, por exemplo: recursos como a Siri ou o Google Assistente respondem perguntas quase que instantaneamente. Plataformas de streaming, como Netflix e Spotify, sugerem aquilo que provavelmente vai lhe agradar, baseando-se em suas escolhas anteriores. O mesmo acontece com eletrodomésticos inteligentes, aplicativos de trânsito que otimizam caminhos e até nos atendimentos automáticos de bancos, que agilizam demandas do dia a dia.
Tudo isso é resultado da inteligência artificial operando nos bastidores, simplificando rotinas e deixando as escolhas mais práticas – muitas vezes, sem que a gente sequer perceba. Já parou para observar como, de repente, um aplicativo parece antecipar seu gosto musical ou um chatbot resolve um problema antes mesmo de você explicar tudo? Às vezes soa como mágica, mas nada mais é do que tecnologia aprendendo conosco e moldando pequenas facilidades cotidianas.
A Inteligência Artificial desperta encantamento e inquietação em igual medida. Por um lado, é vista como força motriz de novas oportunidades: avanços científicos, automação de tarefas e melhoria da qualidade de vida. Por outro, muitos ainda a associam a cenários distópicos – de máquinas autônomas tomando decisões sem intervenção humana à perda de empregos em massa e questões éticas delicadas. Diante desse cenário, desmistificar o que é – e o que não é – a IA se torna fundamental para mantermos uma relação saudável, consciente e equilibrada com a tecnologia.
E a pergunta que não quer calar é: a Inteligência Artificial é, de fato, inteligente?
Costumo afirmar que tudo o que o homem pensa, mesmo no âmbito da ficção, a inteligência humana é capaz de realizar. Isaac Asimov escreveu seu livro Eu, robô, na década de 50, que, mais tarde, inspiraria o filme protagonizado por Will Smith em 2004. Bem antes disso, em 1968, o diretor norteamericano Stanley Kubric lançou o clássico 2001, Uma Odisséia no Espaço, com a emblemática cena final em que HAL 9000, um computador com inteligência artificial é desativado, simulando um desespero de morte tão comovente quanto a de um ser humano. Também foi na década de 60 que pesquisadores do MIT criaram o software Eliza, capaz de interagir razoavelmente com humanos.

A partir dos anos 80, as pesquisas sobre IA concentraram seus esforços em duas linhas de pensamento: um conceito baseado em regras, que deu origem aos chamados sistemas especialistas e outro focado nas chamadas redes neurais.
Um sistema especialista parte de uma base de conhecimentos aplicados a partir de inferências, ou seja, age pelo método dedutivo, partindo de um conhecimento amplo, geral, para chegar a uma ideia – ou solução de um problema – particular.
Já as redes neurais operam a partir da abundância de dados e da enorme capacidade computacional de processar dados e ganharam força a partir dos anos 2000. Isso permitiu o rápido desenvolvimento dos algoritmos, hoje capazes de reconhecer imagens e falas. A ideia do temido algoritmo é vendida para leigos como algo “mágico, sobrenatural, com vontade própria”, mas, na verdade é apenas uma sequência de instruções, um modelo, um passo a passo executado para resolver problemas ou realizar tarefas.
A partir dessas definições, é possível perceber que falta à Inteligência Artificial um componente essencial para que possa ser considerada uma forma de inteligência: a criatividade. Computadores utilizam-se dos dados disponíveis e de sua agilidade no processamento de infinitas combinações mediante uma programação até agora conduzida por um ser humano.
A Inteligência Artificial age mais como um caçador de dados capaz de rapidamente passá-los por um filtro, de forma a trazer quase que instantaneamente a resposta para uma dada questão. Computadores não entendem o que estão fazendo, não são capazes AINDA de contextualizar situações de forma a apresentar soluções autônomas, ou seja, precisam de um humano para orientar seus “pensamentos” e ações. Mas, a cada operação, sua biblioteca de dados e ações vai acumulando novas informações, aquilo que os usuários de Inteligência Artificial vêm chamando de “treinar seu robô”. Quanto mais dados particulares a IA conseguir acumular sobre uma pessoa ou uma empresa em particular, mais favoráveis serão suas respostas e resoluções para seus problemas específicos.
Por isso, a Inteligência Artificial vem se tornando uma grande aliada para diversas áreas da atuação humana, dentre elas a medicina e a educação. Na medicina, já existem sistemas que, ao examinar imagens como radiografias ou ressonâncias magnéticas, conseguem identificar sinais precoces de doenças como o câncer, muitas vezes antes de um olho humano treinado perceber. Isso não só aumenta as chances de tratamento bem-sucedido, como também democratiza o acesso a diagnósticos de qualidade em localidades mais afastadas, onde faltam especialistas.
Quanto à educação, seus efeitos se apresentam de forma prática, inclusiva e eficiente. Hoje, já existem plataformas digitais capazes de analisar o ritmo de aprendizagem de cada estudante, propondo conteúdos adaptados às necessidades individuais. Por exemplo, se um aluno apresenta dificuldade em determinado tema, o sistema é capaz de identificar e oferecer novas explicações, exercícios extras ou formas alternativas de aprendizado até que aquele conceito seja realmente assimilado. Com isso, as antigas barreiras de “cada um por si” na sala de aula vão sendo superadas, e o ensino se torna verdadeiramente personalizado.

E como a IA pode nos auxiliar na nossa jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal?
Diversas ferramentas focadas na produtividade, no mindfulness, e até mesmo em variadas formas de autoterapia estão à sua disposição para que você possa se superar a cada dia, transformando sua caminhada em algo agradavelmente produtivo.
É claro que a IA não deve ser utilizada para autodiagnóstico e automedicação sem uma supervisão segura. Mas, várias práticas podem ser adotadas sem qualquer prejuízo, desde que usadas com responsabilidade.
Gostou do tema? Quer saber mais sobre Inteligência Artificial? Ouça no Spotify o episódio #90 do Podcast Entre em Si e descubra quais os benefícios imediatos da IA estão disponíveis para aprimorar sua qualidade de vida.
Por enquanto, fiquem, bem, cuidem-se e contem conosco: afinal, ainda temos muito para discutir nos nossos próximos encontros…
Regina Azevedo

Link para o episódio 90 do Podcast entre em Si: