A Rainha do Circo brasileiro: as múltiplas facetas de Marlene Querubin, uma mulher que dedica toda sua vida às artes

Cultura

No mês de celebração de 38 anos de existência do Circo Spacial, um dos maiores e mais tradicionais circos do Brasil, sua fundadora é celebrada em Londres, expondo suas lindas pinturas no “Artists Throughout the World”, no internacionalmente conhecido Espacio Gallery, onde ficará até setembro de 2023.

Paralelamente, aqui no Brasil, a “Rainha do Circo Brasileiro” também apresenta, no Gioconda Heleniká, no Itaim Bibi, um dos bairros mais nobres de São Paulo, algumas de suas obras mais emocionantes, na exposição “Arte Abstrata e o Belo da Ferrugem”, onde demonstra a improvável beleza da ferrugem, inspirada na constante oxidação dos materiais que compõem o circo, expostos às mais variadas intempéries, que pode ser visitado entre 19h e 22h30 de segunda a sexta feira.

Como compositora, já são mais de 150 obras compostas para os mais variados artistas dos também mais variados segmentos imagináveis, estando, atualmente, acompanhando o lançamento de sua mais recente composição, “Motel Vermelho”, com interpretação de dois artistas de improvável encontro: Claudiah (conhecida nacionalmente por sua atuação no rock e pop) e Reginaldo Sama (cujo ritmo é conhecido popularmente como “pizeiro”, um estilo derivado do forró).

O espetacular Circo Spacial, que comanda, com pulsos firmes, há quase quarenta anos, também está com espetáculo em cartaz todos os finais de semana, com 3 sessões por dia e dezenas de pessoas para coordenar. Somente uma mulher seria capaz de conciliar tudo isso, incluindo as atividades internacionais, sem perder o brilho que, de fato, somente alguém que respira e vive pela arte, poderia possuir.

Aos 64 anos de idade, Marlene Querubin esbanja jovialidade e exala arte. A paranaense que, aos 20 anos de idade largou o funcionalismo público para literalmente fugir com o circo, tornou-se um símbolo da atividade circense na América Latina.

A empresária, alguns anos depois de ter fugido com o circo Vostok, percebeu então que essa era a vida que ela gostaria de viver e, após alguns anos, fundou o circo Spacial, trazendo, com o passar do tempo, toda a sua família para trabalhar no circo.

“Moro há anos dentro de um trailer. Essa vida nômade não me incomoda, muito pelo contrário. Me permitiu conhecer todos os estados brasileiros e dezenas na América Latina. Foi no trailer que criei dois filhos lindos, um deles está no Spacial até hoje.”, conta Marlene Querubin.

A vida da empresária, no entanto, sempre foi regida pelas artes, já tendo escrito oito livros, a maiorida deles, claro, relacionado ao circo. Nas artes plásticas, suas obras sempre estão apresentadas em grandes exposições nacionais e internacionais e na música, Marlene Querubim já compôs mais de 170 obras dos mais variados gêneros.

“Sou uma mulher das artes, não importa qual. O circo nos traz essa versatilidade, essa necessidade de fazer tudo que seja para entreter, alegrar e encher os corações das pessoas de coisas boas”, comenta a empresária.

Além de dirigir o Circo Spacial, Marlene é fundadora também da Academia Brasileira de Circo, Circo Sertanejo e a União Brasileira de Circos Itinerantes (UBCI), que conta com mais de 150 circos associados. Sempre engajada na luta para preservação da cultura circense no país, a empresária foi, em 2018, vice-presidente do Festival Internacional de Circo, tendo trazido ao Brasil, para integrar a mesa de jurados, Eugene Chaplin, filho do icônico e consagrado Charles Chaplin.

Durante a pandemia de Covid-19, que assolou o mundo numa das piores crises sanitárias da história, os artistas circenses ficaram completamente sem renda, já que sobrevivem somente por meio do dinheiro arrecadado com as bilheterias. Mais uma vez, Marlene tomou para si outra batalha, em conjunto com outros representantes das artes, e teve participação exponencial na aprovação de leis como a Lei Aldir Blanc e Lei Paulo Gustavo, que foram essenciais para a garantia da subsistência das famílias circenses.

Marlene Querubim já produziu, durante esses anos, diversos álbuns a artistas de todos os segmentos, além de haver composto canções para outras centenas. Um dos trabalhos mais inspirados na vida circense é, sem dúvida, o lindo CD da Família Spacial, personagens criados e ilustrados por Marlene, integrantes também do elenco do Circo Spacial.

Apesar da agitada vida nas estradas do Brasil e América Latina, Marlene garante que ainda tem muita lona pra erguer. Em entrevista recente ao Gazeta da Semana, a empresária comentou de onde tira forças: “Quando eu me canso um pouquinho, sento na arquibancada junto ao público, vejo o brilho nos olhos das crianças e estou pronta para outra”, afirmou.

É praticamente impossível falar em artes sem que o nome de Marlene surja em algum momento, principalmente nas artes circenses, já que a história do circo se confunde com a própria história da empresária, batizada por Beto Carrero como “A Rainha do Circo”.

O Circo Spacial, que acaba de comemorar seus 38 anos de história, está instalado na Represa de Guarapiranga, em São Paulo, e apresenta o espetáculo “Uma Parada Mágica”, com equilibristas, bailarinos, contorcionistas, palhaços e toda a magia criada por Marlene Querubin, sem dúvida alguma, uma das maiores artistas que este país já produziu.