Entre em Si – por Regina Azevedo – 03.02.23

Cultura

Entre em Si – autoconhecimento e crescimento pessoal

Como vocês sabem, uma das minhas principais áreas de atuação no mundo acadêmico é a COMUNICAÇÃO. E na conjuntura atual, onde bits e bytes trafegam livremente pelas redes, próximo à velocidade da luz, a disseminação de informações é cada vez mais instantânea. E eu lhe pergunto: o que é instantâneo é bom? Em alguns casos sim, outros não.

Este é um episódio sobre a instantaneidade na comunicação e as inúmeras hashtags com que diariamente nos confrontamos. Mais propriamente, sobre como certas palavras vão sendo jogadas nas conversas, especialmente nas redes sociais, de modo fútil, adquirindo múltiplas interpretações, distanciando-se do seu significado e da sua representação registrada original, passando a significar “o que eu bem quis”. Uma dessas palavras, que está se tornando gasta e vazia, é a tal EMPATIA.

O que é empatia, afinal? A resposta que mais se ouve para esta questão é “colocar-se no lugar do outro”. Como se isso fosse fácil e sempre possível, o que, na prática, NÃO É!

A empatia se encontra sob o guarda-chuva da Inteligência interpessoal preconizada por Howard Gardner em sua teoria sobre o homem e suas Inteligências múltiplas. Do outro lado, igualmente importante para a acepção da empatia, é necessário um bom desenvolvimento de nossa inteligência intrapessoal, que envolve o autoconhecimento, incluindo, atualmente, o senso apurado sobre nossas inteligências emocionais e espirituais.

Por inteligência emocional entenda-se conforme o conceito de Daniel Goleman, inspirado em Aristóteles, resumidamente a capacidade de identificar, nomear e lidar com as próprias emoções. Já a inteligência espiritual, segundo Danah Zohar, relaciona-se a valores, significados, propósitos que fazem a vida valer a pena para cada indivíduo. Se você não tem – e a maioria de nós não temos – essas questões bem resolvidas dentro de si, fica bem difícil praticar a empatia como “tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa”, conforme definição encontrada no Dicionário Aurélio.

Empatia à brasileira se apresenta bem distante de sua etimologia original, empatheia , derivada de pathos , emoção. Originalmente, traduzi-la como “estar na emoção”. Mas hoje, a empatia já não se relaciona com um sentimento, mas com uma obrigação social, quase uma imposição que vem de braços dados com o conceito designado pelo “politicamente correto”. Vamos pensar um pouco sobre o que é a empatia, afinal? Ouça o episódio a seguir e envie seus comentários para mauricioimprens@yahoo.com.br

Acesse o link para ouvir o podcast:
https://pod.fo/e/10bed5

Um grande abraço…
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Regina Azevedo
Jornalista. Experimenta multimeios como caminhos de expressão de seu fazer na arte e na comunicação. Podcast é a mais nova paixão. Dentre suas publicações, destacam-se os livros Prazer em Conhecer-se, Redescobrindo o Prazer de Viver e Mulher de Verdade.

No meio acadêmico, é Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, Doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP e professora do PECE – Programa de Educação Continuada em Engenharia da POLI/USP, responsável por disciplinas relacionadas às áreas de Comunicação e Motivação.