MANOELA BOUREL: A ARTE COMO LINGUAGEM DA ALMA AUTISTA

Mara Porto

A arte tem se revelado uma ferramenta poderosa no desenvolvimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), oferecendo caminhos de expressão emocional, comunicação alternativa e construção de identidade. Entre os nomes que vêm se destacando nesse cenário está Manoela Bourel, artista plástica, ceramista, cantora, compositora, mãe e mulher autista, cuja trajetória reflete o poder transformador da arte como forma de existir e se comunicar com o mundo.

Manoela nasceu na Chapada Diamantina, na Bahia, e encontrou na arte uma forma de traduzir suas percepções singulares. Diagnosticada com autismo apenas na vida adulta, passou a compreender melhor seu olhar sensível e profundo, muitas vezes incompreendido em contextos tradicionais. A partir daí, sua produção artística floresceu com ainda mais autenticidade e força.



Novidades a caminho – Durante o mês de agosto, ela realiza sua primeira exposição oficial: “Imensidão Íntima do Invisível”, uma coleção de óleos sobre tela que percorre memórias da juventude e mergulha em camadas da maturidade criativa. Suas obras impressionam não apenas pelas cores e formas, mas pelo uso de pedras e objetos que dão às telas uma dimensão sensorial rara — fazendo de cada peça uma experiência tátil e emocional.

Estudos da Journal of Autism and Developmental Disorders confirmam que a arte favorece o foco, a regulação emocional e a comunicação não-verbal em autistas. Em Manoela, essa teoria ganha forma viva. Suas criações não apenas comunicam, mas acolhem e provocam reflexão. São portais entre o que se sente e o que se vê.


A mostra é mais que uma exposição — é um manifesto silencioso sobre neurodiversidade, potência criativa e pertencimento. Ao transformar sua vivência em arte, Manoela Bourel nos convida a enxergar o mundo com outros olhos: com mais sensibilidade, escuta e respeito às múltiplas formas de ser.

Foto: Roberto Esteves