SOM DA ORDEM por CLÁUDIA CATALDI

Turismo

O metrô de Londres descobriu que a música clássica tem um impacto direto no comportamento dos passageiros. Em 2003, a Transport for London (TfL) implementou um experimento em algumas estações, tocando composições de Mozart, Bach e Beethoven nos alto-falantes dos vagões e plataformas. O resultado foi surpreendente: a presença de música clássica reduziu significativamente incidentes de violência, vandalismo e comportamento agressivo. De acordo com relatórios da TfL, houve uma queda de 33% nos ataques a funcionários, 25% na taxa de vandalismo e 37% na criminalidade em geral nas estações onde a música foi introduzida.

A ideia por trás dessa iniciativa se baseia na psicologia da música. Estudos mostram que a música clássica pode reduzir os níveis de estresse e ansiedade, promovendo um ambiente mais tranquilo e harmonioso. Diferentemente de gêneros musicais mais agitados, que podem estimular impulsividade e tensão, a música erudita tem efeitos calmantes no sistema nervoso. Esse fenômeno já foi utilizado em outras áreas, como na segurança pública e até no comércio. Grandes redes de varejo perceberam que tocar música clássica incentiva um comportamento de compra mais consciente e reduz a probabilidade de furtos.



A experiência do metrô de Londres é um exemplo de como pequenos ajustes ambientais podem impactar significativamente o comportamento coletivo. A música, além de ser uma forma de arte, torna-se uma ferramenta estratégica para melhorar a convivência urbana. Outras cidades ao redor do mundo, como Toronto e Nova York, também adotaram essa prática em espaços públicos com resultados positivos.

O que essa experiência nos ensina? Que o som que nos rodeia tem um impacto muito maior do que imaginamos. Se uma simples mudança na trilha sonora de um ambiente pode reduzir índices de criminalidade e melhorar o bem-estar das pessoas, imagine o que poderíamos alcançar se usássemos a sonoridade de forma mais estratégica em nosso cotidiano. Seja no transporte público, em hospitais ou até dentro de nossas próprias casas, a escolha da música certa pode transformar estados emocionais e promover interações mais saudáveis. A ciência já provou: a música não é apenas entretenimento, mas uma ferramenta poderosa de transformação social.